Esta casa foi projectada à margem e em paralelo de um projecto mais complexo, que consiste na reabilitação e transformação de um antigo conjunto agrícola (com cerca de 2.5 hectares) em unidade de turismo rural. O principal gesto desta primeira intervenção consiste em construir relações com o resto da propriedade. A intervenção proposta toma o partido do gesto mínimo, aproveitando a estrutura em pedra e madeira da casa e de um edifício anexo. A desconstrução controlada de uma empena permite abrir dois novos vãos generosos sobre a paisagem. Uma nova estrutura metálica ligeira redesenha os limites do pátio de entrada, ao redor do qual gravitam agora os diferentes espaços de uma casa térrea.

No interior da casa principal, um recorte na estrutura em madeira existente, transforma o segundo piso num mezanino que prolonga o espaço social da casa em torno de um pé-direito duplo. Os quartos ocupam a ruína do antigo edifício anexo, que será completado com uma nova estrutura de telhado em madeira. As suas paredes serão colmatadas e reforçadas com uma nova parede em betão armado, sobre o qual será impressa a antiga fenestração em baixo-releve. Duas novas janelas permitem iluminar e ventilar o quarto, reinterpretando através do seu desenho as esquadrias das antigas janelas em guilhotina.

No que diz respeito à cor, a escolha do vermelho refere-se a uma leitura tão cuidada quanto inusitada da pré-existência. Pois embora as portadas da casa fossem originalmente verdes, estas foram sendo “pintadas” de vermelho pelo desgaste do tempo. Assim sendo, a escolha da cor vermelha faz referência já não à cor original, mas antes à cor das portadas e caixilharias tal como foram encontradas, e com uma cor que nos agrada particularmente. Todo o projecto foi um exercício de ambiguidades.