Campo

Valongo, 2022 , em curso

Equipa

João Paupério

Maria Rebelo

Fotografia

Francisco Ascensão

Campo

Valongo, 2022 , em curso

Todas as principais decisões do projecto foram sobre como criar distâncias.

Esta casa está projectada para um dos poucos terrenos que sobra num loteamento suburbano de Campo, a cerca de 15 km do Porto. Para além de funcionar enquanto casa, este edifício será também utilizado como espaço de trabalho pelo casal que nela virá habitar. Ao centro, uma caixa de escadas enviesada organiza todo o projecto, dividindo o espaço de trabalho do espaço da casa, propriamente dita. A sua posição permite que a ventilação do edifício se faça de forma transversal, comunicando simultaneamente com a rua e com o jardim, tanto na casa como no espaço de trabalho. Por sua vez, a sua direcção permite que usos com diferentes necessidades espaciais se acomodem em ambas as “metades”, sem precisar de recorrer a demais artifícios arquitectónicos. No piso superior, a escada desdobra-se para construir uma maior autonomia entre os vários quartos da casa, e libertando espaço para um pé-direito duplo no coração do espaço social da casa.

Apesar de o projecto se poder resumir praticamente a um gesto, que estrutura formalmente as relações que daí se constroem, o seu desenho permite alcançar uma considerável diversidade e complexidade de espaços, contribuindo assim para uma maior polivalência e versatilidade da casa. Com acesso directo desde o exterior, o próprio espaço de trabalho foi pensado na possibilidade de se vir a converter num pequeno estúdio, autónomo, para quando os pais se reformarem e a filha vier ocupar a casa principal. Dando resposta a um orçamento praticamente impossível, a lógica material e compositiva da casa será feita no espírito da lição de Ancede, tanto em planta como no que diz respeito aos seus alçados. No fim de contas, todas as principais decisões do projecto serão sobre como criar distâncias.